terça-feira, 20 de novembro de 2007

COMO UMA MAÇÃ, QUE SAUDADE DOS MEUS CHÁS!

Um cheiro de refogado chega pela janela, deve ser da casa vizinha. Olho a cama a minha volta e meu pé toca o chão frio, é inverno. Abro a porta do meu quarto que não é meu. Não sei se chove há dias, nem se as ruas estão meladas, e ontem quis tirar roupas do armário e eu nem tenho armário. A noite foi inquieta, os ratos imitavam passos no quintal, o celular estava no meu sonho e me fez ter um pesadelo com duas caboclas e suas filhas, sorridentes, cevadas e com colares de pérolas, tentando tirar de minha mão o controle remoto da TV. Eu resistia e mandei que arrumassem a geladeira. Acordei com o último despertar do celular. Seis e dez. Havia acabado de pegar no sono. Liguei rádio, um pequeno rádio que minha irmã ganhou na infancia e fiquei ouvindo um ex-embaixador velhinho sem ver sua cara flácida e manchada.
Meu estômago parecia desgostoso. Talvez seja porque preciso de um emprego urgente, e é uma lenha achar algum que se pareça comigo, se eu tivesse um emprego meu pai falaria olhando pra mim. Levantei e espalhei a tinta em uma tela, foi pra destruir mesmo. Fiquei ouvindo música bem baixinho e dormi lá pelas sete. Às dez acordei muito triste, depois de novo ao meio-dia. Saí da cama ouvindo alguém entrar, não era ninguém, imaginei que fosse a minha irmã gritando como sempre. E nada pode ficar trancado, não sei pra que existe as chaves – ah, acorda, acorda que aqui não é hotel! – aviso assim não é emergencia.
Tranco a porta novamente e penso que depende...
Aí fumo um cigarro e sinto uma saudade dos meus chás...

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